sexta-feira, junho 22

- "PÁRE, CUIDADO!

- Meu Deus, ele vai ser atropelado! (Sofia)
- NEM PENSAR! Espere! Deixe-me ajudá-lo... Venha por aqui, está vermelho para os peões. (Inês)
- Ah, muito obrigado. Morrer é que não! (Ele)
- Venha comigo, eu levo-o até à passadeira. Quer que atravesse consigo até ao outro lado? (Inês)
- Não, não é preciso, eu consigo. (Ele)
- Tem a certeza? Eu vou consigo, não me custa nada. Espere só um bocadinho, ainda não ficou verde. (Inês)
- Não, deixe estar. Eu quero ir para a Loja do Cidadão, por onde é? (Ele)
- Ah, não é por aqui. É nesta direcção, pronto. Se for sempre em frente chega lá. Quer que o leve? Não me custa nada. A sério. (Inês)
- Não, muito obrigado. Eu chego lá. Obrigada pela ajuda. (Ele)
- Não tem nada que agradecer. (Inês)"


Como será o dia-a-dia de um cego?
Viver na constante incerteza, no imprevisto, no medo de cada passo que se dá?
Hoje eu estava lá. E amanhã, estarei?
Obrigado, por cuidares de Mim.

segunda-feira, junho 18

Alvarinho

Naqueles minutos antes do exame, em que estamos tão ansiosos por ter o teste à frente que só dizemos merda (incluindo os professores, que devem de certeza ficar afectados pelas nossas ondas nervosas), diz o professor vigilante:
- O que é que tu queres, oh Inês? As tuas sapatilhas também são horríveis e ninguém diz nada...
- Pois não, estão todos demasiado ocupados a olhar para as suas, stôr. São leiindas.
- Catarina, entrega o exame. -.-'
Ps: Se o Pessoa me aparece à frente, esgano-o.

quinta-feira, junho 7

MV

"Procuro uma palavra para melhor definir este som. Procuro uma palavra para definir os olhos que perscrutam a plateia, que aproximam cada verso daquilo que queremos mais nosso - a felicidade.
A Mafalda entrega a cada verso que canta uma doçura que não encontramos em mais nenhuma escritora de canções no nosso país. Porque toca na nossa alma e na nossa pele em partes iguais, entregando a quem a ouve aquilo que mais é necessário na música - a beleza.
Encontro uma palavra para melhor definir este som - o afecto. A Mafalda é uma cantora ímpar, bonita pelos versos que canta e pela pessoa tão querida que os compõe."



Jorge Reis-Sá